O estresse é um dos maiores inimigos da saúde dos pássaros e, ao mesmo tempo, um dos fatores mais difíceis de ser controlado.
Muitos criadores acreditam que o estresse vem apenas de situações externas, como barulhos ou mudanças de temperatura, mas a verdade é que ele pode ter várias origens diferentes.
Para entender como evitá-lo, é necessário primeiro compreender de onde ele vem e de que forma afeta o organismo das aves.
De maneira geral, o estresse pode ser dividido em dois grandes grupos: interno e externo. O estresse interno é aquele que acontece dentro do organismo do pássaro.
Exemplos comuns incluem excesso de gordura corporal, emagrecimento, deficiências nutricionais, alterações fisiológicas próprias de cada fase da vida, presença de vermes, vírus ou bactérias. Tudo isso sobrecarrega o corpo da ave e compromete seu equilíbrio.
Já o estresse externo está relacionado ao ambiente e ao manejo. Dias muito quentes ou muito frios, excesso de umidade no ar, ventanias fortes, poleiros de tamanho inadequado, gaiolas sujas ou mal posicionadas, barulhos constantes e até mesmo a presença de predadores, como gaviões ou gatos, são situações que elevam o nível de estresse das aves.
O grande desafio é que, na prática, os dois tipos de estresse costumam aparecer juntos. Imagine um pássaro acima do peso, diagnosticado com verminose, vivendo em uma gaiola pequena com poleiros desconfortáveis, enquanto enfrenta dias de 39 °C de calor intenso.
Esse pássaro estará sujeito a múltiplos fatores de estresse ao mesmo tempo, o que eleva ainda mais sua vulnerabilidade. Em situações assim, a imunidade cai drasticamente, abrindo espaço para doenças oportunistas que se aproveitam da fraqueza do organismo.
A boa notícia é que existem maneiras de reduzir o estresse e manter a saúde das aves em melhores condições. O primeiro passo é respeitar as mudanças fisiológicas que acontecem ao longo da vida. Cada fase — crescimento, muda, reprodução ou torneio — exige uma alimentação específica, com nutrientes ajustados.
Quando o pássaro recebe aquilo que realmente precisa, seu organismo trabalha de forma equilibrada e a resposta ao estresse é muito menor. Aqui, muitos criadores cometem erros repetindo receitas prontas ou ouvindo orientações superficiais em grupos de WhatsApp.
Na prática, cada pássaro tem necessidades que variam de acordo com o estágio fisiológico e o ambiente em que está inserida.
Depois de garantir o equilíbrio interno, é hora de olhar para o ambiente. O tamanho da gaiola é adequado para o pássaro que você está criando? Os poleiros oferecem o conforto e a firmeza necessários para evitar lesões nos pés?
A higiene está sendo feita de forma regular, impedindo o acúmulo de fungos e bactérias? Essas perguntas são básicas, mas fazem toda a diferença na prevenção do estresse.
Outro ponto importante é a segurança. Durante os banhos de sol, o local deve estar protegido de animais que possam ameaçar a ave, como gatos ou até gaviões que sobrevoam a região. A simples presença de um predador próximo já é suficiente para causar medo e aumentar os níveis de estresse.
Já no caso do clima, a situação é mais delicada. Nem sempre é possível contar com equipamentos como aquecedores ou umidificadores, mas algumas medidas simples ajudam bastante. Em dias quentes, o uso de banheiras é uma ótima opção para refrescar os pássaros e, de quebra, manter a higiene em dia.
Sempre que possível, deixe parte do ambiente sombreada, para que o próprio pássaro decida se prefere ficar no sol ou na sombra. Também é fundamental oferecer alimentos frescos e trocar a água várias vezes ao dia, prevenindo a desidratação.
Nos períodos frios, a estratégia muda. A alimentação pode ser um pouco mais calórica, garantindo reserva de energia e proteção térmica. Além disso, manter a gaiola encapada por mais tempo ajuda a conservar o calor.
É importante observar também os dias de variação brusca de temperatura: manhãs frias, tardes quentes e noites novamente frias. Nesses casos, o ideal é reforçar a rotina de encapar e desencapar a gaiola nos horários corretos.
O estresse nunca poderá ser eliminado completamente, mas pode ser reduzido a níveis que não prejudiquem o bem-estar do pássaro. Isso depende de um manejo equilibrado, da observação diária e de um planejamento adequado para cada fase do ano.
Criadores que conseguem entender essa dinâmica reduzem as perdas, aumentam a resistência dos seus pássaros e conseguem alcançar resultados muito melhores.
Em resumo, lidar com o estresse não é apenas reagir quando o problema já apareceu. É antecipar-se a ele, organizando a criação e respeitando as necessidades de cada pássaro.
Dessa forma, o criador não só evita doenças, mas também garante que os pássaros expressem todo o seu potencial, seja no canto, na reprodução ou na convivência diária.

Pingback: Deficiências nutricionais em pássaros: sinais e soluções